Marcelo Gleiser
Físico
teórico, professor e escritor
Físico teórico,
professor, escritor e colunista do jornal Folha de S.Paulo e da National
Public Radio (NPR), Gleiser é internacionalmente reconhecido no meio
acadêmico. É membro da Academia Brasileira de Filosofia e da American Physical
Society e autor de best-sellers como A dança do universo (prêmio
Jabuti de 1998), O fim da terra e do céu (prêmio Jabuti de 2002) e Criação
imperfeita, traduzidos para diversos idiomas. Professor de física e
astronomia na Dartmouth College nos Estados Unidos desde 1991, recebeu o prêmio
Presidential Faculty Fellows Award, da Casa Branca, por sua dedicação à
pesquisa e ao ensino.
Nascido
no Rio de Janeiro, Gleiser teve sua curiosidade pela ciência despertada por
meio da admiração pela natureza. Cursou Engenharia Química por dois anos,
transferindo-se para o curso de Física da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, onde graduou-se em 1981. No ano seguinte, fez seu mestrado na
Universidade Federal do Rio de Janeiro e, em 1986, obteve seu doutorado no
King’s College, da Universidade de Londres, na Inglaterra.
Autor de
mais de uma centena de artigos citados e dezenas de textos publicados em
formato impresso ou digital, o foco da pesquisa de Gleiser é o surgimento de
estruturas complexas da natureza para descobrir o sentido do mundo e nosso
lugar no grande esquema das coisas. Para isso, ele tem como foco questões muito
fundamentais relacionadas ao que chama de “três origens”: a origem do universo,
a origem da matéria e a origem da vida na Terra e em todos os lugares do cosmos.
Em seus
textos para a mídia, vídeos para o Fronteiras e nas participações em séries
televisivas, Marcelo Gleiser mostra como as mais complexas teorias estão interligadas
ao cotidiano, sendo não apenas um divulgador da ciência, mas também um
divulgador do interesse pela ciência. Sua postura congregadora e
antirradicalismos reúne diversas áreas do conhecimento e faz desse brasileiro
um dos principais intelectuais públicos no País.
O FÍSICO E ASTRÔNOMO BRASILEIRO MARCELO GLEISER É O VENCEDOR DO PRÊMIO
TEMPLETON 2019.
Ele é o primeiro
latino-americano a ganhar o prêmio, criado em 1972, e vai receber 1,1 milhão de
libras esterlinas, o equivalente a R$ 5,5 milhões. A cerimônia de premiação
será em 29 de maio, em Nova York.
"[Ele é] Um dos
principais proponentes da visão que ciência, filosofia e espiritualidade são
expressões complementares que a humanidade precisa para abraçar o mistério e
explorar o desconhecido", diz Heather Templeton Dill, presidente da
fundação John Templeton
Gleiser tem 60 anos e vive atualmente nos Estados Unidos,
onde ensina física e astronomia no Dartmouth College, em Hanover, New
Hampshire.
Ele já teve mais de
100 artigos revisados e publicados até o momento e pesquisas sobre o
comportamento de campos quânticos e partículas elementares e a formação inicial
do universo, a dinâmica das transições de fase, a astrobiologia e as novas
medidas fundamentais de entropia e complexidade baseadas em teoria da
informação. Agnóstico, seu trabalho se destaca por demonstrar que ciência e
religião não são inimigas.
"A compreensão e a
exploração científica não é apenas sobre a parte material do mundo. Minha
missão é trazer para a ciência e para os interessados na ciência esse apego ao
mistério. Fazer o público entender que ciência é apenas mais uma maneira de
entendermos quem somos", disse Gleiser no vídeo que anuncia o prêmio.
'A ciência não mata Deus'
"O ateísmo é inconsistente com o método
científico", afirmou Gleiser à AFP na segunda-feira no Dartmouth College
da Universidade de New Hampshire, onde é professor desde 1991. "Devemos
ter a humildade para aceitar que estamos cercados de mistério".
Sobre a teoria religiosa de criação da Terra em
sete dias, Gleiser diz que não há inimigos. "Eles consideram a ciência
como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e
religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus", disse.
"A ciência não mata Deus", completa.
Gleiser fundou em 2016 o ICE (Instituto de
Engajamento à Interdisciplinariedade) em Dartmouth, com a ideia de promover o
diálogo construtivo entre as ciências naturais e humanas, seja na esfera
pública ou acadêmicas. O instituto tem apoio da fundação John Templeton.
Em 2006, ele apresentou a série de 12 episódios 'Poeira
das Estrelas', no Fantástico.
Prêmio Templeton
O prêmio Templeton foi
criado para "servir como um catalisador filantrópico para descobertas
relacionadas às questões mais profundas que a humanidade enfrenta", de
acordo com a instituição. A Fundação apoia pesquisas que vão desde a
complexidade, evolução e emergência até a criatividade, perdão e
livre-arbítrio.
De acordo com a
fundação responsável pelo prêmio, Gleiser foi o escolhido pelo conjunto do seu
trabalho que, ao longo dos anos, evoluiu para a quebra de simetria, transições
de fase e estabilidade de sistemas físicos, conceitos que influenciariam sua
crítica às "teorias de tudo".
"O prêmio celebra
o trabalho de muitos indivíduos maravilhosos, incluindo alguns dos grandes
físicos e cientistas de nosso tempo, cujas pesquisas exploraram questões de
significado e valor além dos limites tradicionais de suas disciplinas. Pensar
que um dia eu seria incluído em um grupo distinto, sendo um imigrante do
Brasil, é inacreditável ", disse Gleiser no site do Dartmouth College.
Além de Gleiser, a
fundação já premiou 48 pessoas desde que foi criada em 1972. Entre eles estão
Madre Teresa (1973), Dalai Lama (2012) e o Arcebispo Desmond Tutu (2013).